Diego Tramontin

“Não existe nada de errado em querer ser melhor sempre, desde que você faça isso com respeito, humildade e responsabilidade.”

Breve apresentação sobre você.

Meu nome é Diego Tramontin, sou designer, nascido e criado no Sul do Brasil e trabalho com produtos digitais há 10 anos. Atualmente moro no Rio e trabalho como designer de produto na Globo.com. Anteriormente, fiz parte do time de design da Huge no Rio e da Hello Innovation, em Detroit.

O que te inspira no dia a dia?

Gosto de encontrar inspiração em coisas desconectadas, observando detalhes da natureza, explorando lugares, conversando e interagindo com pessoas, lendo livros, assistindo filmes, séries e documentários. Amo design industrial e arquitetura, gosto de entender e aprender como cada detalhe foi pensado e planejado, principalmente em coisas de designers mais antigos. Música é algo que me inspira muito e pode influenciar completamente o meu dia também.

Quando você descobriu que design era algo que você queria fazer na vida e como vê sua evolução de lá cá?

Lembro que eu tinha 15 anos quando liguei para o André (do Amaral) falando que achava demais as coisas que ele fazia e que queria aprender a programar. Nessa época eu não fazia idéia de como funcionava cada processo e o que ele fazia exatamente. Então, com o incentivo dele, comecei a estudar por conta própria e fui atrás de um curso de web design em uma escola da minha cidade para pegar uma base maior sobre código. Pouco tempo depois ele me chamou para acompanhar a rotina dele e aprender na prática como tudo funcionava. Foi nessa época que eu comecei a me envolver mais com a profissão e descobri que era isso que eu queria fazer na vida.

Por já ter um domínio de HTML/CSS, meu primeiro trabalho full-time foi como front-end para uma agência de Belo Horizonte, chamada Imaginar Design. Em meados de 2008, quando o MySpace era muito popular, a plataforma permitia uma customização quase completa dentro do site e essa era minha principal função. A agência se tornou referência nesse tipo de serviço e tive a oportunidade de trabalhar para vários artistas nacionais, muitos até abriam mão de ter um site para ter um MySpace na época. Acho que foram quase 6 meses fazendo apenas isso, quando o MySpace mudou toda a plataforma e bloqueou a opção de editar o código. Depois dessa mudança eu decidi que iria focar somente em design dali pra frente.

Conceito de streaming Esporte Interativo.

O que você faz além de ser designer? Outras atividades exercem influência no seu trabalho como designer?

Faço música. Toco bateria desde que eu tinha 12 anos, e tive banda por mais de 10 anos. Sempre fui o mais jovem da turma, e estar envolvido com música desde novo me fez ter muita disciplina e foco, tanto nos estudos quanto em lidar com pessoas e situações diferentes. Foi com a música que aprendi a observar e respeitar o espaço e função de cada um, entendendo a importância da soma das habilidades na busca por um resultado excelente. Sem dúvida esses princípios influenciam até hoje na minha vida e no meu trabalho. Também gosto de correr e pedalar, porque consigo testar meus limites e me ajuda a esvaziar a mente. Diferente da música, correndo ou na bike eu sou o protagonista, o meu resultado depende da minha habilidade e preparação, caso contrário vou ficar para trás.

Traçando um paralelo com o design, acho muito importante essa busca por superação, autodesenvolvimento, testar limites, buscar novas experiências que vão somar no seu trabalho e te destacar entre os demais. Não existe nada de errado em querer ser melhor sempre, desde que você faça isso com respeito, humildade e responsabilidade.

Se você comparar design com algum esporte, qual seria e por que?

Compararia com futebol. Em campo todas as peças são fundamentais na construção até o gol. O técnico tem o papel de alinhar o time e extrair o melhor de cada jogador, os jogadores precisam ser competentes nas suas funções. O time precisa estar em sintonia, jogar com dinâmica, trabalhar em equipe para fazer gols e ganhar o jogo.

Homepage do website Hello Aerial.

Hoje você tem boa parte do seu portfolio repleto de trabalhos feitos na Huge. Qual a melhor coisa que você aprendeu trabalhando por lá?

Trabalhar na Huge foi uma das melhores experiências profissionais da minha vida, tive uma evolução enorme como designer e como pessoa. Antes de lá, eu trabalhava em uma empresa de produto e tinha muita vontade de trabalhar em uma agência de consultoria de design de produto digital. Acho que trabalhar com uma variedade maior de clientes me fez sair da zona de conforto e viver experiências diversas, exigindo o melhor de mim todos os dias. Experiências que foram importantes na construção da minha carreira. Acho que trabalhando dentro de um produto específico, na maioria das vezes, não fico tão exposto a essa diversidade. Entre todas as coisas que aprendi na Huge, eu diria que a principal foi entender a importância e desenvolver um olhar mais criterioso em relação a experiência completa do usuário.

Diego Tramontin. Foto por Letícia Wolff.

Você tem alguém que foi muito importante no seu crescimento profissional? Como essa pessoa te ajudou a crescer?

Tenho sim, com certeza! Considero fundamental para qualquer designer, em qualquer nível, ter alguém com mais experiência que possa te ouvir, dar feedbacks e aconselhar. Isso faz muita diferença no crescimento.

No meu início, essa pessoa foi o André (do Amaral). Conheci ele anos antes, através da música, e acabamos nos tornando grandes amigos. Sempre admirei seu trabalho e pude me espelhar nele para encontrar o que eu realmente queria fazer. Ele foi fundamental no meu início, onde eu tinha muitas dúvidas e muita vontade de aprender. Confiou no meu potencial e me direcionou para oportunidades que me fizeram evoluir, e isso não tem preço! Até hoje ele é um cara que eu admiro e tenho certeza que posso contar.

E para dar continuidade nesse ciclo onde todos se ajudam – o que acho muito importante – recentemente tive a oportunidade de fazer o mesmo com dois outros amigos, que são designers, cheios de vontade e com talento incrível.

Além disso, todas as pessoas com quem tive a oportunidade de trabalhar, sem exceção, me ajudaram a crescer de alguma forma. O crescimento é algo contínuo e sempre tento filtrar o melhor de cada um para usar como incentivo e inspiração no meu próprio processo de evolução.

Monte seu carro - Conceito para Jeep Renegade.

Para você, qual a parte mais difícil de ser um designer?

Como designer, acredito que a parte mais difícil é estabelecer limites e manter um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Sou apaixonado pelo que faço e não é sacrifício fazer isso a todo momento, mas saber a hora de dar uma pausa é muito importante para limpar a mente e deixar as ideias fluírem, encontrar oportunidades e voltar renovado ao que se estava fazendo.

E no processo, acho que a parte mais difícil é no início quando você precisa fazer uma imersão no negócio do cliente para entender suas expectativas, necessidades e o que vai ser realmente útil para ele e seus consumidores. Acredito que seja a tarefa de maior responsabilidade e que influenciará no resultado.

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