RALPH Chegar em um nome foi talvez a tarefa mais difícil na concepção do novo estúdio. Polar veio de um exercício que era pensar no que seria o encontro entre os elementos arco e grade. Depois de alguns testes e pesquisas, nos deparamos com o grid polar (ou sistema de coordenadas polares), que une as duas coisas conceitual e graficamente. Além disso, é uma dessas palavras que são escritas do mesmo jeito, em português ou inglês.
A segunda tarefa mais desafiadora, com certeza, foi desenhar a identidade visual. Durante o processo entendemos que escolher uma cor era importante para nós. Depois de muitos testes e conversas, optamos pela cor que mais gerou discussão. Entre vários verdes e amarelos, chegamos na cor “bola de tênis” — e nunca conseguimos chamá-la de outro jeito. A bolinha de tênis traz materialidade à cor, e então acabamos incorporando o objeto como parte do universo visual do estúdio, trazendo-a para a direção de arte das nossas fotos de equipe e em elementos de apoio do site. 🎾
Sócio-fundadores do Polar. Em pé: Ronaldo Vidal & Lais Ikoma. Sentados: Ralph Mayer, Matheus Sakita & Bruno Ribeiro.
MATHEUS Além de todos os aspectos empreendedores e estratégicos, também somos amigos de longa data. Lais, Ronaldo e eu nos conhecemos na graduação, assim como Bruno e Ralph. Também já trabalhamos juntos em outras empresas, antes mesmo de o Arco e o Grade existirem. Essa parceria já vem desde os nossos primeiros projetos de faculdade e se fortaleceu muito quando dividimos o mesmo espaço físico. É bonito ver como evoluímos.
Identidade visual para MAJ – Mostra de Arte da Juventude (2019)
LAIS Já como Arco e Grade, nossas colaborações em projetos sempre aconteceram de forma natural. A afinidade cresceu com o tempo e com a convivência percebemos que os estúdios compartilhavam ambições e planos semelhantes. Além disso, temos entre nós perfis complementares, não apenas como designers mas também como gestores. Logo, entendemos que uma união traria benefícios em muitos sentidos. Começar um novo estúdio já com a experiência de não ser o primeiro também é muito diferente, pois conseguimos estruturar tudo de forma mais madura. Nesta etapa, já tínhamos uma ideia mais clara de como nos posicionamos – não apenas no âmbito da ideia, mas também na prática – e com isso repensamos a maneira como montamos os cases, as apresentações de projeto, as fotos de equipe e o próprio portfólio, além de questões metodológicas do dia a dia do estúdio.
"Como já é de costume, todo começo de ano pensamos em uma interpretação gráfica diferente para os meses e dias que estão por vir. Em 2020 não foi diferente: nosso calendário está pronto." – Calendário 2020 por Polar Ltda.
BRUNO O time é dividido por projetos e tentamos fazer com que as equipes variem o máximo. As pessoas são escaladas pelas habilidades que cada projeto pede e a afinidade que as pessoas têm com o cliente ou assunto em questão. Durante o desenvolvimento, muitas vezes a equipe muda, porque mudam as habilidades necessárias.
Em termos de entrega e posicionamento, queremos mostrar para o mercado que conseguimos articular nossos resultados para que eles não se limitem a um segmento, campo específico ou estética dentro do design, e para que sejam entendidos além do nosso próprio meio. Não queremos ser percebidos como artistas. Daí surge nosso mote: nos comprometemos a entregar soluções de design que equilibram impacto e adequação.
Estamos sempre tentando distinguir, dentro do projeto, o que é para o designer, o que é para o cliente e o que é para o usuário final. É um exercício de questionar escolhas o tempo todo. Acho natural que muitas vezes o designer queira se colocar e buscar mais destaque, mas por vezes isso acaba ocupando um espaço do projeto que não é dele, desfavorecendo as outras pontas. Perceba que não estou defendendo que menos é mais ou que devemos ser neutros, pois toda proposta carrega consigo escolhas do posicionamento do designer. O que tentamos lembrar sempre é que estamos a serviço de alguém.
Projeto editorial do livro "Cada um morre por si" de Hans Fallada. Editora Carambaia.
RALPH Eventualmente vamos contratar, mas não está no planejamento de curto prazo. De maneira geral os requisitos variam de acordo com a função que cada pessoa vai cumprir, mas acredito que existem duas coisas que são fundamentais: saber trabalhar em equipe e entender a importância do acabamento na apresentação do trabalho. Nós realmente acreditamos nisso. Também estamos desenhando um programa de estágio, onde a ideia é criar uma jornada que envolva diferentes funções e entregas que temos aqui no estúdio, visando o máximo de aprendizado possível em um período determinado.
LAIS Uma coisa interessante da nossa equipe é a variedade de habilidades, interesses e a forma como esses elementos são combinados a cada projeto. Por exemplo, a Luciana é mais especialista em animação, a Stella em ilustração e a Estela em editorial, e cada um de nós também apresenta uma habilidade específica. Por existir essa variedade aqui dentro, é sempre legal olhar para tela ao lado e se surpreender com o que alguém está desenvolvendo. São as afinidades ferramentais e com conteúdo específico que enriquecem o time e os projetos, e com certeza é um ponto que vamos prezar ao ampliar a equipe.
Equipe completa do Polar, no escritório em São Paulo. Em pé: Stella Bonici, Ronaldo Vidal, Lais Ikoma & Bruno Ribeiro. Sentados: Estela Mendes, Ralph Mayer, Luciana Mayume & Matheus Sakita.
RONALDO Já tivemos a oportunidade de trabalhar com marcas globais, como Youtube e Nestlé, além de projetos veiculados na América Latina, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e outros. Seja com projetos Unacionais ou internacionais, com o Polar nós temos o objetivo de projetar o estúdio para fora – uma ambição dividida anteriormente pelo Arco e Grade – e trazer mais visibilidade para o design brasileiro, para os estúdios e profissionais daqui. Entretanto, não costumamos fazer a seleção de projetos ou clientes: eles entram em contato conosco e, se fizer sentido para ambas as partes, trabalhamos juntos. Uma de nossas propostas como estúdio é apresentar variedade não apenas no escopo de entregas como também atender a extremos de mercado, então quanto mais diferente um projeto do outro, melhor. Global ou local, comercial ou cultural, qualquer projeto ou cliente será bem-vindo.
Marca e identidade visual para C1 – Círculo 1, um clube para motociclistas, inspirado em propagandas e posters de corrida das décadas de 70 e 80.
BRUNO RIBEIRO Projeto gráfico de um livro de receitas. ESTELA MENDES Desenhar o novo padrão monetário para a Casa da Moeda. LAIS IKOMA Identidade visual e enxoval completo para uma companhia aérea ou equipe esportiva. LUCIANA MAYUME Vídeo documentário sobre música. MATHEUS SAKITA Capa e universo visual de um álbum de um artista que admiro muito. Alô, Lady Gaga? RALPH MAYER Identidade visual e title sequence pra uma série ou filme. RONALDO VIDAL Projeto completo para uma cervejaria ou vinícola STELLA BONICI Projeto gráfico e ilustrações para um livro infantil.