Quadra Collective

Conheça a iniciativa de arte e minimalismo de Diogo Akio, designer multidisciplinar baseado em São Paulo. (2016)

Introdução.

“Acreditamos que o minimalismo nos poupa da grande quantidade de informação e comunicação visual pesada a que somos expostos todos os dias. É uma maneira de recuperar nossa sensibilidade em ver significado e beleza no simples. Gentilmente nos pede por mais tempo e paciência para observar, refletir e entender as coisas que nos cercam.” – Quadra Collective Shop.

O Diogo Akio, que está na frente da Quadra, já foi entrevistado no início do Creative Doc – falando sobre o projeto Conversa Globo. Naquela época, o escritório ainda estava em fase embrionária, acredito, mas com ótimos trabalhos no portfolio – que infelizmente não está mais disponível. Mas as características principais que eu sempre observei e me encantei nos trabalhos executados pelo Diogo, são a simplicidade das formas e o cuidado visível nos pequenos detalhes. Como me considero um caça-pequeno-detalhes, sempre fico feliz de saber quando alguém toma cuidado com tais aspectos.

Acompanhando pouco a pouco a evolução da Quadra, há algumas semanas vi que lançaram uma coleção de quadros minimalistas, como um projeto interno e assinado pelo próprio Diogo. Uma coleção de muito bom gosto, que pode combinar facilmente com um interior bem planejado e traços retos predominantes.

Brazilian Bossa Nova / Quadra Collective

Breve apresentação sobre o estúdio.

Descrevo a Quadra Collective hoje como uma “design shop”. Inicialmente, seu foco era quase exclusivamente design digital, mas com o passar do tempo a Quadra acabou se tornando mais um laboratório criativo e multidisciplinar. Eu, Diogo, sou a pessoa por trás do estúdio, porém eventualmente conto com a colaboração de outros profissionais no desenvolvimento de diferentes projetos.

Diogo Akio

Qual a história do Quadra? O que vocês são hoje?

A Quadra Collective surgiu em 2013 como um estúdio de design digital, e em menor escala, branding design de produtos digitais. Quase sempre éramos os responsáveis pelo pontapé de projetos digitais maiores em parceria com agências e empresas de grande porte. Ao mesmo tempo, sempre foi de interesse para o estúdio atender clientes menores, pois na maioria das vezes o porte dos projetos nos possibilitava atuar com entregáveis mais abrangentes, além do digital.

Hoje a Quadra está em uma fase de transformação, passando a desenvolver projetos não só além do digital, como atuando também de forma independente na concepção e lançamento de projetos próprios. Um primeiro “suspiro” dessa proposta de estúdio aconteceu com o Repasse, que era uma plataforma de doação de objetos sem uso entre pessoas desconhecidas. Hoje tenho um outro projeto que está ganhando forma, que é a Quadra Collective Shop.

“Brazilian Bossa Nova poster comes with a list of 10 Bossa Nova songs that we love and you will probably fall in love too.”

Como vocês pretendem atuar no Brasil e Canadá?

Atualmente, vivo e trabalho em Toronto, no Canadá, logo, o mercado norte americano acaba sendo meu foco. No entanto, pretendo manter o mesmo modelo como sempre trabalhei com a Quadra no Brasil: atendendo clientes de diferentes países a distância, e tendo essa mesma participação pontual em projetos digitais, desenvolvendo a direção de arte e design na etapa de fundação do projeto. Esse modelo de trabalho sempre funcionou muito bem nos últimos anos, graças ao uso de ferramentas online como Dropbox, Slack, Marvel App, e afins.

Hoje, no entanto, divido meu tempo com outros projetos, como é o caso da Quadra Collective Shop, que mencionei anteriormente. Uma loja online de produtos com design minimalista. Inicialmente, vendemos apenas peças gráficas, mas o objetivo é expandir com outros produtos de decoração e acessórios dentro do mesmo conceito estético. Até o momento, a loja atende apenas Canadá e Estados Unidos, mas a boa notícia é que até o mês que vem iniciaremos as vendas no Brasil.

Porque minimalismo?

A linguagem minimalista sempre foi minha assinatura visual, e consequentemente da Quadra. Não tenho dúvidas que a construção dessa identidade estética veio da necessidade de preservar o conteúdo e a objetividade em interfaces digitais. Ao mesmo tempo, sempre tive grande apreço pelo design japonês, alemão e suíço. Logo, foi uma fusão de função e preferência pessoal pela linguagem visual.

Mount Fuji / Quadra Collective

Do que se trata Stories in Shapes?

Quando decidi transportar o design de interface para coisas mais palpáveis, vi muito sentido em trazer o minimalismo para esse novo formato, como uma forma de trazer uma estética agradável e livre de excessos para a vida das pessoas. Para mim, o que tinha antes um papel funcional, hoje é bastante emocional. Meu objetivo, através da linguagem minimalista, é tentar aguçar a sensibilidade das pessoas e trazer um toque visual para inspirar no dia a dia. Apreciar a estética minimalista é uma maneira de prestar mais atenção nos pequenos detalhes. Inevitavelmente esse formato nos pede um pouco mais de tempo para apreciá-lo, pois nem sempre a mensagem está escancarada. Ter mais tempo é uma das coisas que mais prezo hoje, e que acredito que muitas pessoas também sentem falta disso no modelo de vida atual.

Por fim, como quero entrar na vida das pessoas, preciso promover um diálogo mais intimista, sem precisar “gritar” visualmente. Diferente da comunicação visual que por vezes notamos em espaços públicos, muitas vezes tumultuados e cheios de ruídos.

Poster Mount Fuji Japan

Eu poderia considerar como Arte? Se sim, se não, por quê?

Nunca tive a pretensão de ser um artista, e não sei se posso chamar de arte. Deixo isso para quem está de fora. Mas se há alguma similaridade, de fato as ilustrações transmitem muito da minha vontade de manifestar valores e histórias que me representam e que acredito que possam transmitir coisas positivas para outras pessoas. É um misto de representação artística, mas não deixa de ter um papel básico funcional: o decorativo. Diferente da pretensão da arte, não espero que ninguém fique horas apreciando minhas peças gráficas. Elas estarão ali como coadjuvantes, compondo com uma série de outras coisas que fazem as pessoas se sentirem a vontade e inspiradas no espaço em que vivem ou trabalham.

At Night in Downtown

O que se deve levar em consideração ao retratar algo de forma simplificada?

Foco é primordial. Em torno de qualquer tema há muitos protagonistas. Leva um tempo até notarmos qual/quais são os mais relevantes. Detectando o objeto ou composição a ser representado, o próximo desafio é contar graficamente a história com criatividade, usando apenas o essencial. Ao meu ver, não adianta nada ser significativo, se não intrigar ou agradar visualmente. Eu admiro outras representações mais carregadas e complexas, ricas em detalhes e texturas, mas aí já deixam de ser minimalistas. Tem um outro propósito.

Blooming

Alcançar um nível satisfatório de design minimalista requer prática e muita observação. Se tivesse que dar uma dica de atalho para designers iniciantes, qual seria? Ou não existe atalho a não ser o trabalho árduo?

Obviamente um olhar maduro não se alcança do dia pra noite. É na verdade uma evolução constante, e creio que sem fim. Mas é possível desenvolver algumas técnicas que facilitam o processo criativo. Uma delas, que uso sempre, mencionei anteriormente, quanto ao foco e definição do elemento central. Outra que acredito, é não ter medo ou preguiça de explorar diferentes soluções. O processo de criação não vem de estalo, e sim de maturação. A diferença é que no minimalismo, ao invés de começar com um tijolo e virar uma casa, muitas vezes é o inverso. A proposta é encontrar uma unidade simplificada que conte tudo o que precisa ser dito, sem perder expressividade. No resultado, obviamente sempre tento chegar no melhor que posso, ciente, entretanto, que não é um resultado perfeito. Na verdade, perfeição é algo que com o tempo deixei de acreditar. Talvez isso seja apenas uma forma de fazer com que as coisas se adequem a certos padrões preestabelecidos.

Quais os planos para o futuro?

Não tenho planos muito concretos pro futuro. Quero continuar o que estou fazendo, e deixar que o processo com o tempo, me traga naturalmente respostas para onde devo direcionar minha atuação.

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