Yumi, nascida e criada em São Paulo, é designer e diretora de arte com passagem por grandes agências de publicidade, como CUBOCC, DPZ, ID\TBWA, VML e Accenture Interactive. Além disso é fundadora e sócia da Japas Cervejaria há 6 anos, onde tem trabalhado aspectos de marca e produto que vão muito além do seu trabalho em comunicação visual. Yumi compartilha suas três referências e uma provocação para o mercado.
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Nasci em 1988 no bairro do Capão Redondo, em São Paulo. Sempre tive, desde pequena, um interesse pela arte, apesar das pouquíssimas referências sobre isso. Desenhava, recortava fotos e colava. Me lembro de achar livros antigos da minha irmã mais velha, alguns com ilustrações de biologia, história do Brasil, tipografia, etc. Era um novo mundo visual para mim, mas que ao mesmo tempo transmitia uma história do que aconteceu no passado em formato de gravura. E foi assim que eu fui me apaixonando por imagens que tinham algo a contar.
O design foi o mais próximo disso que achei interessante estudar, quando fui ficando mais velha. Cursei Design Digital e mesmo escolhendo o caminho da Publicidade e o mundo de grandes agências para trabalhar, foi estudando Design que consegui passar com calma pelo estudo de tipografia, fotografia, arte, grafite, entre outras coisas que me fizeram ter muitas referências para criação de layouts e também partir para um lado mais artístico que é o meu trabalho com colagem.
Meu projeto que mais me orgulha como profissional é a minha cervejaria, em que pude ter a oportunidade de criar a minha própria marca, cada produto, cada conceito e cada rótulo que vai pra prateleira, além de toda uma estratégia de marketing que extrapola o Design. Vivendo na pele o mix de desempenhar o papel de designer, porém sabendo dos problemas de ser uma empreendedora pequena e que nem sempre se consegue fazer tudo conforme sonhamos, mas também dentro da necessidade do que a empresa precisa.
Um trabalho super marcante pra mim, que me virou a chave na faculdade foi ver as artes de colagem do Eduardo Recife, (em especial a capa da Zupi) foi conhecendo o trabalho dele que percebi que aquilo poderia ser sério e não somente uma brincadeira com recortes.
Outro grande marco foi ver como o artista Tide Hellmeister fazia a mistura entre tipografia e colagem, isso me inspirava até em como diagramar e combinar isso em layout.
Um outra referência marcante foi estudar o paralelo entre Salvador Dalí e Freud, foi um projeto que me fez entender como o nosso inconsciente influencia diretamente em nossa arte e em como até hoje, a própria psicanálise (dentro da terapia) me influencia em tudo o que crio, principalmente na colagem, onde o surrealismo predomina.
Meu principal incômodo é o fato do nosso mercado (e de também muitos outros), dependerem de prêmio para chegarmos ao reconhecimento, além claro, das poucas profissionais mulheres que lideram na área. Meu conselho é: não entrem nessa paranóia de prêmios! Façam e apostem no que acreditam, porque existe sim outro caminho para o reconhecimento.